quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Espiritualidade no trabalho

A palavra espiritualidade suscita diversas imagens. Para a maioria das pessoas, entretanto, sugere a contemplação, num ambiente calmo, sereno e tranquilo. Dificilmente a palavra espiritualidade evoca a agitação da vida diária, o barulho de uma fábrica, a inquietação de uma equipe de alta performance, a tensão de um corredor de hospital, o movimento irrequieto dos adolescentes em uma sala de aula, a lotação de um trem do metrô no final da tarde, o plenário de uma câmara de vereadores, a gritaria de uma feira ou a graxa de uma oficina mecânica. No imaginário popular, certamente a espiritualidade é uma coisa própria dos templos com suas liturgias, dos adeptos de um culto ou praticantes de uma fé e especialmente dos clérigos e sacerdotes religiosos. Não é sem razão que esse abismo entre as coisas de Deus e as coisas do mundo está presente no (in)consciente das pessoas. Um dos maiores clássicos da espiritualidade cristã data do século XV, a saber A imitação de Cristo, de Thomas a Kempis. Motivado por sua sincera piedade, Kempis escreveu coisas como: “Esta é a maior sabedoria: o desprezo do mundo para se aproximar do reino dos céus”; “É realmente uma agonia ter de viver na terra”; e ainda: “Toda vez que caminho entre os homens, volto menos homem”. Palavras piedosas de outrora, que hoje não fazem mais sentido. Ficou no passado o tempo em que a conotação da palavra espiritualidade implicava o absoluto antagonismo entre céu e terra; sagrado e profano; espiritual e secular. Por outro lado, não podemos esquecer que a tradição cristã também enfatiza a espiritualidade fincada no solo da vida diária. Teresa de Lisieux falava do “pequeno caminho” da espiritualidade no cotidiano; Inácio de Loyola, Francisco de Assis, Madre Tereza e muitos outros enxergavam Deus na face das pessoas no dia-a-dia. Benedito, fundador do monasticismo, tinha por lema “orar e trabalhar”. Martinho Lutero falava do sacerdócio de todos os cristãos e os reformadores colocavam o trabalho no centro das vocações cristãs. Martin Luther King Jr e Desmond Tutu basearam em sua fé todo o compromisso e engajamento na luta pela dignidade humana. A verdade é que “convidado ou não, Deus está presente”, como escreveu Carl G. Jung sobre a porta de seu consultório. Teilhard de Chardin escreveu: “[Deus] está, em certo sentido, na ponta de minha pena, de meu pincel, de minha agulha – e em meu coração, em meu pensamento. A conclusão do traço, da linha, do ponto de costura em que estou trabalhando é que me fará entrar em contato com a meta final a que tende minha vontade em seus níveis mais profundos”. Essas e outras convicções justificam o fato de que iniciamos amanhã, no Segunda Opinião: Fórum de Reflexão Bíblica e Teológica da Ibab, o estudo do tema “espiritualidade no mundo do trabalho”. Cremos que, se de fato, a palavra espiritualidade nos remete às possibilidades da experiência e do relacionamento com o Deus de quem não podemos nos evadir, pois, como afirmou o apóstolo Paulo aos atenienses: “nEle vivemos, nos movemos e existimos”, então é verdade também que todas as áreas e dimensões da vida estão relacionadas a Deus, e Deus está intrincado com tudo quanto existe e acontece. Queremos viver, portanto, a máxima que dá sentido à vida qualificada como cristã: “seja comer, seja beber, ou qualquer outra coisas a fazer, que tudo seja feito para a glória de Deus”.
2009 Ed René Kivitz

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Superando a procrastinação


Em resumo, procrastinação é o péssimo hábito de adiar para o dia seguinte. É uma das maiores causas da falta de produtividade, e mesmo assim pouquíssimas pessoas fazem algo para evitar ou superar esse hábito. O problema não se resume a vida pessoal, acontece também na vida profissional. Oportunidades perdidas, estresse, sentimento de culpa, são algumas das conseqüências.
Praticamente todo mundo já disse pelo menos uma vez na vida “Vou fazer isso amanhã” ou “Faço isso outro dia quando tiver com mais tempo”. O interessante é que quase todos também sabem que a procrastinação é algo ruim, e mesmo assim o hábito segue em frente. Existem alguns motivos que nos impulsionam a procrastinar, medo do desconhecido, medo de mudanças, perfeccionismo, medo de falhar, desorganização, etc., mas o motivo mais comum talvez seja a preguiça.
A chave para superar a procrastinação é a força interior, ela nos motiva a completar uma tarefa, não importando o tamanho dessa tarefa. No entanto, muitos de nós não contamos com essa força suficiente e ficamos parados no meio do caminho em busca de nossos objetivos e planos. Mas existem maneiras de superar e evitar a procrastinação e seguir em frente com suas tarefas.
É importante lembrar que ninguém é perfeito. São as imperfeições que fazem o nosso mundo tão único e desafiador. Por mais que você tente ser perfeito, sempre haverá espaço para melhorias.


UM PASSO DE CADA VEZ

Algumas tarefas podem assustar e parecer exigir um enorme time para concluí-la, então optamos por simplesmente não realizá-la. É importante não desanimar ao se deparar com um grande desafio; o que precisa fazer é começar aos poucos, pequenos passos, e quando menos esperar irá notar que as coisas começam a tomar forma. Um exemplo claro, um closet ou guarda-roupas bagunçado. Você se depara com aquele monte de roupas, agasalhos, tênis, bolsas, mochilas, caixas e pensa, “vou levar séculos para conseguir arrumar isso!”. E acaba deixando pra lá, com isso a bagunça tende a aumentara cada dia e seu ânimo para organizar vai ficando cada vez menor ao se deparar com uma bagunça ainda maior dia após dia. O ideal é começar a organizar aos poucos, tire as caixas vazias ou velhas e guarde em outro local ou jogue fora. Pendure as roupas jogadas, guarde os sapatos em seus devidos lugares, etc. Se todos os dias você lembrar-se de realizar uma pequena ação que ajude na organização de seu closet, em breve você notará que as coisas estão em seus devidos lugares.


BRAINSTORM

Uma razão comum que gera procrastinação é a falta de ideias ao lidar com qualquer tarefa que requer certa criatividade. Todos têm momentos em que a criatividade simplesmente não flui, é normal, mas se o período de falta de criatividade é muito longo, a procrastinação pode aparecer. O que você precisa fazer é brainstorm. Dê uma saída, caminhe um pouco para refrescar a mente, observe e analise as coisas que vê. Faça anotações, mesmo que suas ideias pareçam absurdas no momento, nunca se sabe se elas serão úteis.


LIMITE SEU TEMPO


Muitas pessoas abrem as portas para procrastinação por terem muito tempo disponível em suas mãos. Então se sentem livre para adiar obrigações e compromissos em uma hora, um dia, ou até mesmo semanas. Estabeleça horários, tente realizar suas tarefas o mais rápido possível, obviamente sem deixar de lado a qualidade. Por exemplo, se eu acho que levaria 30 minutos para elaborar esse artigo, estabeleço meu limite de tempo para essa tarefa em 20 minutos. Isso lhe ajudará a manter o foco e continuar motivado para finalizar sua tarefa. Não é uma competição com você mesmo ou uma tentativa de quebra de recordes, apenas uma ferramenta simples e eficaz que você pode fazer uso para aumentar sua produtividade e evitar desperdício de tempo.

ELIMINE TODAS AS DISTRAÇÕES

Isso que dizer, sem TV, MSN, ORKUT, etc. Se você não consegue concentrar-se com música, elimine a música também, resumindo, tudo o que lhe causa distração você deve eliminar temporariamente. Tudo que interfere em sua concentração enquanto tenta finalizar uma tarefa pode levar a procrastinação. Obviamente você deve usar o bom senso, algumas pessoas conseguem manter o foco e a concentração melhor que outras, eu por exemplo consigo manter meu msn, google talk, ouvir alguns tipos de música e checar emails enquanto realizo algumas tarefas no laptop. Não quer dizer que você consiga, ou talvez você consiga exercer suas tarefas ouvindo um heavy metal, enquanto para mim é impossível. Lembre-se também de não se isolar completamente do mundo, de sua família e pessoas que gostam de você.PARE DE SER TÃO


PERFECCIONISTA

Outra causa de procrastinação é o perfeccionismo. É natural tentar fazer tudo da melhor forma possível, por isso, muitas vezes queremos que tarefas sejam realizadas com perfeição desde o início, o que pode gerar muito estresse e consequentemente a procrastinação. O motivo é que seu cérebro relacionará o estresse com a tarefa, e naturalmente causará em um motivo para você evitar essa tarefa, adiando ou até mesmo cancelando.

Não quero mais ser evangelico!!



“Irmãos, uni-vos! Pastores evangélicos criam sindicato e cobram direitos trabalhistas das Igrejas”. Esse, o título da matéria, chocante, publicada pela revista Veja de 9 de junho de 1999 anunciando formação do “Sindicato dos Pastores Evangélicos no Brasil”.
Foi a gota d’água! Ao ler a matéria acima finalmente me dei conta de que o termo “evangélico” perdeu, por completo, seu conteúdo original. Ser evangélico, pelo menos no Brasil, não significa mais ser praticante e pregador do Evangelho (Boas Novas) de Jesus Cristo, mas, a condição de membro de um segmento do Cristianismo, com cada vez menor relacionamento histórico com a Reforma Protestante - o segmento mais complicado, controverso, dividido e contraditório do Cristianismo. O significado de ser pastor evangélico, então, é melhor nem falar, para não incorrer no risco de ser grosseiro.
Não quero mais ser evangélico! Quero voltar para Jesus Cristo, para a boa notícia que Ele é e ensinou. Voltemos a ser adoradores do Pai porque, segundo Jesus, são estes os que o Pai procura e, não, por mão de obra especializada ou por “profissionais da fé”. Voltemos à consciência de que o Caminho, a Verdade e a Vida é uma Pessoa e não um corpo de doutrinas e/ou tradições, nascidas da tentativa de dissecarmos Deus; de que, estar no caminho, conhecer a verdade e desfrutar a vida é relacionar-se intensamente com essa Pessoa: Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho do Deus vivo. Quero os dogmas que nascem desse encontro: uma leitura bíblica que nos faça ver Jesus Cristo e não uma leitura bibliólatra. Não quero a espiritualidade que se sustenta em prodígios, no mínimo discutíveis, e sim, a que se manifesta no caráter.
Chega dessa “diabose”! Voltemos à graça, à centralidade da cruz, onde tudo foi consumado. Voltemos à consciência de que fomos achados por Ele, que começou em cada filho Seu algo que vai completar: voltemos às orações e jejuns, não como fruto de obrigação ou moeda de troca, mas, como namoro apaixonado com o Ser amado da alma resgatada.
Voltemos ao amor, à convicção de que ser cristão é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos: voltemos aos irmãos, não como membros de um sindicato, de um clube, ou de uma sociedade anônima, mas, como membros do corpo de Cristo. Quero relacionar-me com eles como as crianças relacionam-se com os que as alimentam - em profundo amor e senso de dependência: quero voltar a ser guardião de meu irmão e não seu juiz. Voltemos ao amor que agasalha no frio, assiste na dor, dessedenta na sede, alimenta na fome, que reparte, que não usa o pronome “meu”, mas, o pronome “nosso”.
Para que os títulos: “pastor”, “reverendo”, “bispo”, “apóstolo”, o que eles significam, se todos são sacerdotes? Quero voltar a ser leigo! Para que o clericalismo? Voltemos, ao sermos servos uns dos outros aos dons do corpo que correm soltos e dão o tom litúrgico da reunião dos santos; ao, “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu lá estarei” de Mateus 18.20. Que o culto seja do povo e não dos dirigentes - chega de show! Voltemos aos presbíteros e diáconos, não como títulos, mas, como função: os que, sob unção da igreja local, cuidam da ministração da Palavra, da vida de oração da comunidade e para que ninguém tenha necessidade, seja material, espiritual ou social. Chega de ministérios megalômanos onde o povo de Deus é mão de obra ou massa de manobra!
Para que os templos, o institucionalismo, o denominacionalismo? Voltemos às catacumbas, à igreja local. Por que o pulpitocentrismo? Voltemos ao “instruí-vos uns aos outros” (Cl 3. 16).
Por que a pressão pelo crescimento? Jesus Cristo não nos ordenou a sermos uma Igreja que cresce, mas, uma Igreja que aparece: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. “(Mt 5.16). Vamos anunciar com nossa vida, serviço e palavras “todo o Evangelho ao homem… a todos os homens”. Deixemos o crescimento para o Espírito Santo que “acrescenta dia a dia os que haverão de ser salvos”, sem adulterar a mensagem.
Ariovaldo Ramos.