quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Levando a sério o Reino de Deus


Levando a sério o Reino de Deus

Jesus dá início a Seu ministério terreno. Durante trinta anos fora preparado na escola da graça de Deus, formado no discernimento profético, e no ideal inabalável de Sua missão. Agora proclama: "Chegou afinal a hora, o governo soberano do senhor está entre vós. Mudai os vossos corações e sentimentos, acreditai e confiai na maravilhosa notícia de que Deus ama, cuida e salva!"

Há conceitos que são basilares para a compreensão da mensagem de Jesus Cristo: o conceito do reino de Deus, o do arrependimento, o da fé e do significado do evangelho. Afinal, esse reino chegou, o evangelho está entre aí, e Jesus encoraja ao arrependimento e à confiança absoluta e exclusiva.

O Reino de Deus


Há muito o que dizer sobre o reino de Deus, ou "reino dos céus", como Mateus prefere reverente e eufemisticamente chamar. O reino de Deus não tem qualquer mistério: significa que Deus é rei. Seja o ser humano obediente ou não, Deus é rei. O que a pessoa faça influencia a sua posição no reino, mas não modifica o fato do reino de Deus. 

O assunto era tão dominante na mensagem de Jesus que Seu primeiro sermão teve-o como tema (Marcos 1.15), e Suas últimas reflexões falaram do reino (cf. Atos 1.3). O reino de Deus é o governo de Deus no coração da pessoa humana, na sua vontade, no seu intelecto, no seu ser total, e assim: é moral, não nacionalista; é espiritual, não material; é atual, não ideal ou abstrato. É uma realidade presente, ou seja, Deus exerce Sua soberania agora, mas é uma esperança futura (Deus reinará no fim quando subjugará toda oposição a Seu reino.

O governo de Deus na vida é algo de tamanha substância que Jesus o apresenta como um tesouro sem comparações (Mt 13.44-46). Por isso é dádiva, mas é exigência; é concessão e dom, mas custa o que se tem para nele entrar (Mateus 6.33).

"Arrependei-vos..."

O outro conceito central é o do arrependimento, que não é algo tão fácil como às vezes pensamos. A palavra grega usada para isso é metanóia, que literalmente significa "mudança de mentalidade". E, na verdade, não pode gaver reino de Deus sem quebrantamento de coração, ou seja, o governo de Deus se faz no coração arrependido.

D. James Kennedy em seu Verdades que Transformam, diz que a doutrina do arrependimento é muito estranha porque por si mesmo o arrependimento não salva ninguém, mas ninguém pode ser salvo sem que arrependa. Por outro lado, a Bíblia dá uma importância considerável a esse assunto tanto que no Antigo Testamento é conceituado como um "retorno" (a Deus, t shuvah), e no Novo Testamento como, como vimos, como "mudança de mente".

Porém, por que o povo não se arrepende? Porque perdeu de vista o real significado do pecado, que hoje virou algo sem importância, e se esqueceu que sua natureza se torna aviltada, depravada, e diferente do que Deus tinha em propósito para a humanidade. O povo não se arrepende porque perdeu de vista a santidade de Deus; não ergue os olhos para contemplar a glória e a majestade do Senhor.

Arrependimento é uma palavra muito rica: é a palavra que abre os céus para nós, e ninguém pode pronunciar-se verdadeiramente arrependido sem o Espírito Santo dar apoio.

Arrependimento é a palavra que traz o pecador de volta para a casa de Deus, razão porque Jesus começou Seu ministério de pregação com ela. É a palavra que não pode ser dita no inferno, e, ao revés, no céu, ninguém precisa usá-la.

"... Crede no evangelho"


Vamos falar de fé, que foi outro dos conceitos destacados por Jesus. Ele não disse, "arrependei-vos e crede no evangelho"? Que diz a Sagrada Palavra sobre crer e fé? Vamos a Efésios 2.8, 9: "Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé - e isto não vem de vós, é dom de Deus - não das obras, para que ninguém se glorie" (EC). Com o arrependimento, você resolveu abandonar a vida passada e os pecados; você já escolheu o caminho, e esse caminho não é fácil, é verdade. 

Pois o passo seguinte é a fé. Observe: "Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam" (Hebreus 11.6). Diz Hebreus 11 também que "Foi por ela que os antigos alcançaram bom testemunho" (v. 2). Há, em seguida, uma lista de heróis da fé, tais como Abel, Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés, Raabe, juizes e profetas, os justos do Antigo Testamento. Em todos os casos, fala o autor da Carta aos Hebreus do profundo sentimento de confiança, de fé. Sabe por quê? Porque "sem fé é impossível agradar a Deus", e aí está pelo fato de que Jesus conclamou ao arrependimento e a essa fé.

A fé inicia a vida cristã. Inicia e sustenta o caminhar do crente. Há uma história passada num dos países da antiga Cortina de Ferro. Diz que dois soldados entraram numa congregação evangélica armados de metralhadoras. Com vozes iradas, interromperam o culto dizendo que os que estivessem dispostos a renunciar a fé e a Cristo deveriam passar para o lado direito do santuário, e seriam liberados. Uma parte da congregação mudou de lugar. Os soldados mandaram que se fossem. A maior parte da congregação permaneceu no pequeno templo. As portas foram fechadas, e os soldados disseram: "Nós também somos crentes. Viemos para ter comunhão com vocês, mas primeiro queríamos livrar-nos dos hipócritas".

Fé não é aceitar de qualquer maneira uma verdade sobre Deus: é engajar-se. Veja bem: não há cidade tão "religiosa" quanto Salvador. Até no nome é a Cidade do Salvador à margem da baía de Todos os Santos (e alguém acrescentou, e de todos os Orixás). É uma cidade que poreja religião: na "Colina Sagrada" do Bonfim, nas lavagens das escadarias das igrejas tradicionais, nos Altos e Baixas da sua área urbana, nos centros dedicados a algum aspecto assim chamado "religioso", num simples acarajé (dedicado aos erês) a marca do animismo, num caruru (votado a Cosme e Damião), o sincretismo.

E, no entanto, não existe cidade tão de Deus, do Deus da Revelação, do Deus da revelação em Jesus Cristo, do Deus da fé e da graça., porque não há engajamento com Cristo Jesus.

E, deste modo, religião é festividade popular, folclore, festa de largo, bebida, cachaça, exploração, comércio, mas não a fé. É mesmo: "sem fé é impossível agradar a Deus".

Jesus não foi confuso quando falou de fé: "O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho" (Mc 1.14,15). Ter fé é crer; crer é ter fé. A fé vai levá-lo à graça divina, e a graça vai levá-lo a Cristo, e então, "se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas, já passaram, tudo se fez novo" (II Coríntios 5.17).

Nas Escrituras, arrependimento e fé jamais são separados. Não pode haver arrependimento verdadeiro sem fé, nem fé genuína sem arrependimento. Então, crer no evangelho é o mesmo que tomar a palavra de Jesus Cristo, crer que Deus é exatamente Aquele que Jesus disse que era; é crer que Deus ama o mundo de tal modo que fará qualquer sacrifício para nos atrair a Ele.

Jesus requer conversão, e seus três elementos são o arrependimento, a fé e a regeneração. Não podemos yer paz com Deus nem paz com os outros, nem mesmo paz dentro de nós mesmos, enquanto não fizermos algo acerca dessa terrível realidade chamada pecado. É nesse ponto que Jesus Cristo faz o convite porque o reino de Deus chegou, a eternidade invadiu o tempo, em Jesus Cristo, Deus e Seu amor e Sua salvação invadiu o mundo. Qual a sua resposta ao convite de Jesus?

Hebreus 12.2 ("olhando firmemente para Jesus, autor e consumador da nossa fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus") nos indica Jesus Cristo como Aquele em Quem a fé deve nascer, e que há de levá-la por toda a eternidade. Diz ainda que Jesus suportou a cruz, e o fez com alegria por nós, por você. Completa o pensamento dizendo que toda autoridade Lhe foi concedida, e agora está no trono de poder.

Jesus suportou a cruz, por isso nosso olhar se volta para o Calvário. Mas está sentado no trono, motivo porque nosso olhar se volta para a Sua glória. Qual a sua reação? Vai levar a sério o reino de Deus?

Por: Walter Santos Baptista, Pastor da Igreja Batista Sião em Salvador, BA e colaborador do Portal Lagoinha.com
E-Mail: baptista@batista.org.br

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